As marcas de espinhas no rosto e o sorriso fácil por onde passa denunciam a pouca idade. Julián Álvarez, de 22 anos, que até pouco tempo era só uma criança que sonhava em poder tirar uma foto com o Lionel Messi, deixou o banco de reservas ao longo do Catar 2022 e virou peça fundamental na campanha da Argentina à final da Copa do Mundo.
Na semifinal contra a Croácia, Julián marcou dois gols e dividiu o protagonismo da partida com Messi. Com um passe do ídolo, inclusive, o atacante chegou aos quatro gols na competição, na vice-artilharia, atrás somente do próprio Messi e do francês Kylian Mbappé.
“Falando tanto por mim como pelo grupo, nós merecemos isto. Estamos na final. É o que queríamos. Agora resta descansar e fazer uma grande partida no domingo”, disse Julián, ainda radiante de alegria na saída dos vestiários do estádio Lusail.
O jogador sofreu o pênalti que originou o primeiro gol de Messi e, depois, em jogada semelhante ainda no primeiro tempo, ganhou da defesa croata, não desistiu do lance e empurrou a bola para o fundo da rede. No segundo tempo, aproveitou uma jogada genial do astro e também finalizou sem problemas.
Mais curioso na trajetória do atleta em sua primeira Copa do Mundo é o jeito como foi aproveitado no elenco. Julián virou titular apenas no último jogo da primeira fase, quando a Argentina precisava a todo custo da classificação contra a Polônia. Deu certo.
Messi, claro, não se lembra daquela criança abraçada em suas pernas para tirar uma foto. Hoje, dez anos depois, no entanto, faz questão de dividir os louros da classificação à final da Copa do Mundo com o fã. Para Messi, inclusive, Julián deveria ter sido eleito o craque da partida.
“Ele tem feito partidas extraordinárias, jogando por todos, lutando bastante. A aparição dele foi extraordinária para a gente. Ele merece, porque é um garoto estupendo. Que aproveite de tudo isso”, disse Messi, que comemorou os gols abraçado ao jovem jogador e fazendo carinho na cabeça dele.
Outro Lionel, o Scaloni, também fez questão de elogiar o camisa 9. Para o treinador, além de ter sido o autor de dois gols na semifinal contra a Croácia, o jogador foi fundamental na marcação.
“A verdade é que o Julián tem uma marcação incrível. Com a idade que tem, é normal que queira ‘comer o mundo’. Faz o que pedimos para fazer, e estamos contentes”, disse o treinador.
O jovem, recém-chegado ao Manchester City, e ainda nem muito bem aproveitado por Pep Guardiola, foi o jogador mais jovem a marcar dois gols em uma semifinal desde Pelé, em 1958. Ele foi descoberto para o futebol no clube de Calchín e revelado pelas categorias de base do River Plate. Ainda criança, ganhou o apelido de Aranha pela capacidade de conduzir a bola como se tivesse muitas pernas.
A Argentina, com o gol de Messi e os dois de Julián, se classificou pela quinta vez para ir à final. Se perdeu em 1930, 1990 e 2014, ergueu a Copa do Mundo em 1978 e 1986. A partida acontecerá no domingo (18), às 12 horas (de Brasília), no Lusail.
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