Assim como gatos, camelos e falcões, os cavalos remontam aos tempos do mundo árabe antigo e fazem parte da herança cultural e da economia, local. No país da Copa 2022, um centro de excelência equestre conta com 700 cavalos milionários e hospital, fisioterapia e até academia para os animais.
Os estábulos do Al Shaqab, uma área de 1 km² livre dos arranha-céus no centro de Doha, são de 1992. Com investimentos voluptuosos da monarquia absolutista Al Thani, o lugar foi crescendo e não demorou muito para receber cavalos de todo o mundo árabe e boa parte da Europa para serem treinados, aperfeiçoados ou recuperados.
Desde 2004, o Al Shaqab faz parte da Qatar Foundantion, quem também financia o primeiro Mundial no Oriente Médio, o que, em resumo, significa pertencer à família real. Pelas ruas extremamente limpas e arborizadas, a missão é claramente uma só: ser uma referência no cuidado equestre a qualquer custo, literalmente.
A reportagem teve a oportunidade de visitar todos os cantos do lugar. Na sala de cirurgia, depois de passar por raio-x e ressonância magnética em aparelhos iguais aos usados por humanos, apenas em escala maior, um cavalo realizava um procedimento delicado e, de acordo com informações dos veterinários, em um ou dois dias já estaria bem. Em outro lugar, o excesso de areia (devido à alimentação natural) no estômago levou um animal à endoscopia.
Na área da academia, a esteira é um tanto diferente, apesar de a função ser a mesma. O cavalo fica de 30 a 40 minutos correndo em círculos e não precisa que o instrutor fique por perto. Na piscina, de 5 metros de profundidade e 100 metros de comprimento, fica o exercício preferido, mesmo com o ar-condicionado no ambiente.
Ninguém confirma oficialmente o valor de um cavalo tratado ali, mas se sabe que o sêmen do animal pode começar a ser vendido facilmente em 40 mil dólares (R$ 210 mil) e ultrapassar 500 mil dólares (R$ 2,6 milhões). Um valor razoável, no entanto, estaria em torno de R$ 300 mil. O cavalo árabe, uma das raças mais antigas do mundo, que sobreviveu às condições do deserto, claro, é a preferência no lugar.
As arenas, indoor e outdoor, têm capacidade para 10 mil espectadores. O local recebe anualmente duas das maiores competições do calendário equestre: o Longines Global Champion Tour e o Bank CHI Al Shaqab, nas modalidades salto e adestramento. A premiação vai para a casa do 1,2 milhão de euros (aproximadamente R$ 6,7 milhões) por etapa do campeonato. Eventos de endurance, de menor proporção internacional, também fazem parte das competições no país que, bem antes do futebol, já gostava de esportes equestres.
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