Aos 32 anos, Douglas Bacelar disputará pela segunda vez o Paulistão 2023, que terá transmissão exclusiva da Record TV na televisão aberta. O zagueiro, que foi vice-campeão da Liga Europa jogando no futebol ucraniano, já marcou o egípcio Salah, além de ter sido capitão do projeto de reconstrução da Chapecoense após a tragédia de 2016, vestirá as cores da Inter de Limeira e estará na partida inaugural do torneio, neste sábado (14), às 11h (de Brasília), diante do São Bernardo.
Com passagem também pelo São Paulo, o defensor conhece o Campeonato Paulista e tem o objetivo de ajudar a levar a Inter de Limeira novamente às fases finais do torneio. Depois de parar no Corinthians nas quartas de final de 2021, o Leão bateu na trave na última edição e viu o Guarani avançar no Grupo A por conta dos critérios de desempate.
“Nós não vemos a hora de começar logo o campeonato. O nível é altíssimo, mas nossa equipe se preparou bem. Ainda estamos naquele processo de conhecer melhor os companheiros, mas soubemos aproveitar bem essa pré-temporada, estamos confiantes”, afirma Bacelar. “A gente quer incomodar também esse ano. Nenhum jogo é fácil, mas queremos estar na briga pela classificação. Essa tem que ser a mentalidade do grupo”, projeta.
Vice-campeão europeu e adversário de Salah
Em 2013, muito antes de disputar o Paulistão pela Inter de Limeira, um jovem Douglas Bacelar desembarcou em Dnipro, na Ucrânia, para jogar pelo time da cidade, o FK Dnipro, que disputa primeira divisão ucraniana. Em três temporadas pela equipe, o defensor chegou a ser vice-campeão da Liga Europa na temporada 2014/15, inclusive sendo escolhido para a seleção do torneio.
“Sem dúvidas, foi a melhor fase da minha carreira. Claro que a equipe chegando numa final de um campeonato dessa grandeza ajuda, mas foi a melhor temporada que eu tive, tanto individual, quanto coletivamente”, diz o jogador.
Antes disso, porém, Bacelar lembra de quando enfrentou ninguém menos que o egípcio Mohamed Salah, em 2013. Na época, o craque que hoje veste a camisa do Liverpool dava seus primeiros passos no Basel, da Suíça.
“Naquela época ele já era o jogador diferencial da equipe dele. Já se via que ele era um grande jogador, de muita qualidade, que tava acima dos outros jogadores da equipe dele. Mas, naquele período ali, eu não imaginava que ele poderia chegar no nível que ele está atuando agora. Mas, já era um jogador diferente”, conta.
Tensões na Ucrânia
Bacelar também relembra, em meio as alegrias em campo, dos momentos de tensão vividos num país que, desde 2014, com a tomada da Crimeia — região alvo de grande disputa geopolítica — por parte da Rússia, viu escalar as tensões até o estopim da guerra, em fevereiro do ano passado.
“Em 2014, quando começaram esses conflitos, nós ficamos bem preocupados. Não tínhamos muitas informações, então foi um momento de bastante apreensão. Tentávamos manter contato com a embaixada brasileira, para termos algum suporte se eventualmente chegasse onde chegou agora, mas na minha época não chegou as proporções que está agora”, relembra.
Quando retornei em 2020, ainda continuava com os mesmos problemas, nas mesmas regiões, mas não passava na cabeça de ninguém, chegar nesse ponto onde nós estamos vendo agora, essa escalada que está tendo, né. Nem os próprios ucranianos imaginavam que chegaria nesse ponto, que é tão triste.
O maior desafio da carreira
Depois de três anos no futebol ucraniano, Douglas Bacelar voltou ao Brasil para jogar no São Paulo, no final de 2016. No Morumbi, porém, o defensor pouco ficou. No início de 2017, veio o que o zagueiro classifica como “maior desafio da carreira”: ser capitão na reconstrução da Chapecoense, que ainda chorava pela dolorosa tragédia que tirou 71 vidas num acidente de avião, incluindo 19 jogadores da Chape, além da comissão técnica e dirigentes.
“Foi o maior desafio da minha carreira. Era um momento bem delicado, de reconstrução em todas as áreas do clube. Todos muito abalados ainda, porque a cidade de Chapecó respira a Chapecoense”, relembra o defensor.
Apesar da grande responsabilidade, o zagueiro recorda com carinho de sua passagem por Chapecó. Logo na primeira temporada, o time, que era dado como provável rebaixado no Brasileirão, fez a melhor campanha do segundo turno e conquistou uma vaga na pré-Libertadores do ano seguinte.
“Enfrentamos grandes desafios, mas eu acredito que conseguimos superar todas as adversidades, conseguindo fazer uma campanha histórica na Série A. Então foi mágico, por tudo que envolveu. Conexão com a torcida, com a cidade, que sempre nos apoiou, foi especial. Sem dúvidas, a Chapecoense marcou minha história”, afirma Bacelar, que fez exatos 100 jogos com a camisa do time catarinense.
Futuro no Brasil
Depois da disputa do Paulistão, Bacelar ainda não sabe o que será de sua carreira. O jogador, porém, tem uma certeza: não voltará ao exterior, pelo menos a princípio. “Não penso em voltar, não é o que desejo. Não posso fechar portas, mas neste momento da minha vida e carreira, pretendo ficar no Brasil”, projeta.
“Quero voltar a jogar uma Série A, onde estão os melhores jogadores do nosso país. Então esse é o meu desejo. Primeiramente, fazer um bom campeonato pela Inter, ajudar o clube a atingir seus objetivos, e consequentemente, o clube indo bem, coisas boas vão vir para mim. Então espero que, nesse segundo semestre, possa estar voltando a jogar uma Série A”, completa.
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