O Ilê Axé Icimimó Aganju Didé, na cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano, é o 12º terreiro de candomblé no país a ser tombado como patrimônio cultural brasileiro. O reconhecimento foi aprovado por unanimidade, há uma semana, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Com mais de 100 anos de existência, o Icimimó é um terreiro de candomblé de matriz nagô, localizado na Terra Vermelha, zona rural de Cachoeira, cidade que fica a 118 quilômetros de Salvador. Tombada pelo seu valor histórico, cultural e ambiental, agora a casa de matriz afrobrasileira regida pelo orixá Xangô está salvaguardada e reverenciada pelo Iphan, por suas características de candomblé rural.
O território sagrado de 22 hectares faz parte de uma rede importante de casas de candomblé na região, e tem grande significado para a memória dos povos iorubá que chegaram da África ao Recôncavo Baiano. Em Cachoeira, o Icimimó ficou conhecido como o “terreiro de mãe Judith”, em referência à mãe de santo que o fundou.
De geração em geração, os saberes dos cantos, os segredos das folhas, os modos de fazer são passados na comunidade de axé no alto da Terra Vermelha. Pai Duda de Candola, de 44 anos, responde desde os 16 pela liderança religiosa do terreiro recém-tombado.
Historiadora e doutora em Estudos Étnicos e Africanos, Desirée Tozi acompanhou o reconhecimento do Icimimó pelo Iphan. Ela explica que há uma inovação neste caso específico por ser a primeira proposta de tombamento e registro de um terreiro de candomblé como patrimônio cultural e imaterial no mesmo processo.
A partir de agora, o Ilê Axé Icimimó Aganju Didé terá não só as suas paredes centenárias preservadas, como também os lugares na natureza onde estão assentados os cultos sagrados de axé dessa comunidade ancestral afro-brasileira.