O ex-presidente da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães tornou-se réu no caso em que é suspeito de assédio sexual e moral a funcionários do banco. A Justiça Federal de Brasília aceitou, na quinta-feira (30), a denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF). O caso está em segredo de Justiça, e não foram divulgados detalhes da pena pedida pelo MPF.
Pedro Guimarães esteve na presidência da Caixa por três anos e seis meses e pediu demissão em junho de 2022 depois de se tornar alvo de investigações do MPF e do Tribunal de Contas da União (TCU).
Os casos teriam ocorrido com funcionárias do próprio banco. As mulheres relataram a veículos de imprensa que se sentiram assediadas pelo economista em diferentes ocasiões, sempre em eventos ou viagens de trabalho.
Há denúncias de aproximação física e toques indesejados. As investidas teriam ocorrido durante viagens realizadas por Pedro Guimarães e funcionários do banco, especialmente em ações do Caixa Mais Brasil, programa criado pelo Executivo para dar visibilidade à Caixa em todo o país.
Ao R7, a defesa de Guimarães informou que “nega taxativamente a prática de qualquer crime e tem certeza que durante a instrução a verdade virá à tona, com a sua absolvição”. “Pedro Guimarães confia na Justiça”, completou.
Na época da denúncia, o ex-presidente do banco disse que a situação era “cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade”. “As acusações noticiadas não são verdadeiras! Repito: as acusações não são verdadeiras e não refletem a minha postura profissional e nem pessoal. Tenho a plena certeza de que estas acusações não se sustentarão ao passar por uma avaliação técnica e isenta”, afirmou em nota.
Quem é Pedro Guimarães
O economista carioca Pedro Guimarães tem 51 anos e assumiu a presidência da Caixa em 3 de janeiro de 2019, sucedendo a Nelson de Souza. Como presidente da empresa, Guimarães também fazia parte do Conselho Administrativo do banco. Antes disso, ele já tinha sido sócio em duas instituições do setor bancário: a BTG Pactual — banco de investimentos fundado pelo ex-ministro da Economia, Paulo Guedes — e o Banco Plural.
Guimarães formou-se em economia em 1992 pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), fez mestrado na mesma área na Fundação Getulio Vargas (FGV) e doutorado pela Universidade de Rochester, em Nova York, onde apresentou uma tese sobre privatizações no setor financeiro.
Guimarães é genro de Léo Pinheiro, da empreiteira OAS. Pinheiro foi o delator do caso do triplex, que levou à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele também já foi acusado de assédio moral, inclusive com a divulgação de vídeos em que constrange funcionários da Caixa e os obriga a fazer flexão.
Na época, o Ministério Público do Trabalho (MPT) no Distrito Federal notificou Guimarães e recomendou que o presidente da instituição não submetesse os colaboradores a “situações de constrangimento no trabalho” sob pena de abertura de um procedimento investigatório e adoção de medidas para correção da conduta, sem descartar responsabilizações civil, criminal e administrativa.
Em outro episódio recente, em dezembro de 2020, o economista ficou em evidência por comentar que não sabia que há pessoas morando em lixões no Brasil.
Em março deste ano, Guimarães assinou acordos de R$ 24 mil com duas ex-empregadas domésticas que o acusaram de não pagar direitos trabalhistas.
O ex-presidente da Caixa chegou a cogitar a possibilidade de concorrer às eleições, mas a ideia acabou perdendo força. Ele também chegou a ser lembrado como possível substituto de Paulo Guedes no Ministério da Economia, que o indicou para a presidência do banco.