Investigado pelo Exército devido à participação em um ato político com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Rio de Janeiro em 2021, o deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde e general da reserva, informou ao comando do Exército que iria ao evento.
A informação foi revelada após o Exército divulgar detalhes do processo administrativo contra Pazuello por determinação da Controladoria-Geral da União (CGU), que derrubou o sigilo de 100 anos imposto sobre a investigação.
Pazuello respondeu ao processo pela suspeita de ter violado o código de conduta das Forças Armadas que impede a participação de militares em eventos de caráter partidário sem autorização do Comando do Exército. No entanto, ele foi absolvido.
De acordo com as informações do processo divulgadas pelo Exército, o comandante da Força à época, Paulo Sérgio Nogueira, confirmou ter sido avisado pelo ex-ministro e arquivou o caso apenas seis dias após Pazuello apresentar sua defesa.
Ao longo das investigações, Pazuello afirmou também que aceitou o convite de Bolsonaro para ir ao ato devido ao respeito e à “camaradagem” entre ele e o ex-presidente. Alegou ainda ter sido surpreendido ao ser chamado por Bolsonaro a subir em um carro de som para discursar às pessoas presentes no evento e que teve uma “fração de segundos” para pensar “quais palavras seriam as melhores para serem usadas para que não se tornasse um discurso político”.
“Não tinha conhecimento prévio que haveria carro de som para os agradecimentos do presidente da República, tampouco tinha intenção de me pronunciar no evento. Acrescento que fui surpreendido quando o presidente me chamou para ficar do seu lado na lateral do caminhão. Fiquei mais surpreso, ainda, quando o presidente passou às minhas mãos o microfone para que me dirigisse ao público”, disse Pazuello.
Ao se defender das acusações de que teria infringido o código de conduta das Forças Armadas, Pazuello disse que o ato em questão se tratou de “um passeio de moto organizado e patrocinado por associados e clubes de motociclistas” para demonstrar apoio a Bolsonaro, o que, segundo ele, não possuía natureza político-partidária.
“Assim, na minha avaliação, a conduta descrita não se enquadra em nenhuma das transgressões disciplinares previstas no Regimento Disciplinar do Exército, ou tampouco no Estatuto dos Militares e demais leis que nos norteiam”, alegou.
“Não houve manifestação coletiva de caráter reivindicatório ou político, de crítica ou apoio a ato de superior hierárquico. Houve, apenas e tão-somente, demonstração de reconhecimento do povo para com o [então] presidente da República”, acrescentou Pazuello.