O Museu de Arte de São Paulo – um dos mais queridinhos da capital paulista – vai passar por um restauro importante do vão livre e das famosas pilastras vermelhas do prédio. Ícone da arquitetura moderna brasileira, o Masp foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi e inaugurado no coração da avenida Paulista em 1968.
As obras começaram esta semana. Além do restauro e da repintura dos pilares e vigas externas, a laje de cobertura do vão livre do museu também será recuperada. Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Masp é considerado hoje o museu de arte mais importante do hemisfério Sul, com cerca de dez mil peças.
Miriam Elwing, arquiteta responsável pela obra no museu, conta que essa é a primeira vez que as estruturas do histórico edifício passam por um processo de preservação que considera critérios de restauro do patrimônio histórico.
Nascida na cidade de São Paulo, Miriam cresceu indo desenhar quadros no Masp, durante o colegial. Agora, aos sessenta anos, vai acompanhar, pelos próximos meses, o restauro do edifício que é parte da identidade da cidade e da memória dos moradores da capital paulista.
“De fato, a gente sabe que este prédio está inserido na memória afetiva do morador de São Paulo. Na minha percepção, isso é o resultado da visa da Lina Bo Bardi, que centrava a função da arquitetura na pessoa, no usuário. Ela ia imaginando como as pessoas iam utilizar esse prédio. Acho que ela tinha essa preocupação de proporcionar uma experiência libertadora, uma arquitetura de fluidez”.
Nascida em Roma em 1914, a arquiteta Lina Bo Bardi chegou ao Brasil em 1947. O conceito de unir o moderno ao simples permanece vivo em seus projetos criados na cidade, como o Masp, o Sesc Pompeia e a Casa de Vidro, onde morou por mais de 40 anos, no bairro do Morumbi.
Um espaço a ser construído pelas próprias pessoas é uma das lembranças de infância que a arquiteta Patrícia Soares tem. Criada até os oito anos na Pompeia, bairro da zona oeste, ela cresceu frequentando o Sesc Pompeia. Uma antiga fábrica que, na década de 1980, foi transformada num amplo espaço de cultura e lazer projetado por Lina.
“Eu acho que a arquitetura modernista como um todo visava o aproveitamento de espaços públicos, como uso comum de todos. E os projetos da Lina acabam traduzindo muito isso, tanto o Masp, com o vão coberto, que tem milhares de uso, com uma vista incrível também, tanto quanto o Sesc, como uma premissa de uso coletivo de espaços interessantes e criativos”.
Além de nomes como Van Gogh e Picasso, fazem parte do acervo do Masp peças milenares chinesas e esculturas africanas. Telas de Tarsila do Amaral, Heitor dos Prazeres, Abdias Nascimento e Candido Portinari também podem ser vistas pelos dez mil visitantes que passam por lá, todos os meses.