Se uma imagem tivesse um som, qual som seria?
Inspirado numa imagem feita pelo fotógrafo Paulo Pinto, coordenador de fotografia da EBC em São Paulo, o artista Jarbas Agnelli criou essa música que a gente acabou de ouvir: Pássaros nos fios.
Nesta quinta-feira (22), músico e fotógrafo viveram uma emoção diferente em Brasília, durante uma premiação.
Essa é a história inusitada de uma fotografia que acabou virando uma música premiada. Em agosto de 2009, o fotógrafo Paulo Pinto, o Pepê – como é mais conhecido na redação da EBC em São Paulo, estava de férias em Santana do Livramento, sua terra natal lá no Rio Grande do Sul.
Viu pássaros que estavam pousados em fios elétricos, se encantou com a cena e registrou a beleza do instante com sua máquina fotográfica.
A fotografia foi publicada no jornal O Estado de São Paulo, onde o Pepê trabalhou por 17 anos.
O artista Jarbas Agnelli viu a foto no jornal, notou a semelhança entre a quantidade de fios e a posição dos pássaros como notas musicais. Ficou curioso para ouvir que melodia aquele desenho musical sugerido pela fotografia resultaria.
A música Pássaros nos fios foi vencedora do Youtube Play Guggenheim, prêmio concebido por um dos museus mais famosos do mundo, selecionada entre 23 mil concorrentes. Jarbas conta mais.
“Um dia de manhã eu tava lendo o jornal e achei uma foto de pássaros pousados em fios elétricos. Eu achei a foto super interessante porque ela lembrava uma pauta musical. Aí tive a iniciativa de recortar a foto e tentar tocar aquilo que os pássaros estavam compondo. Eu fui pro piano e eu vi que era uma melodia super poética, super doce. Acho que a lição que fica pra mim é que é possível ver poesia em qualquer lugar, depende só do jeito que a gente olha”.
Nesta quinta-feira, em Brasília, aos 64 anos, 40 deles dedicados à fotografia brasileira, Paulo Pinto vai ouvir sua fotografia ser traduzida em notas de violinos, flautas e trompetes por uma sinfonia orquestrada pelo músico Jarbas Agnelli durante cerimônia do prêmio Abradee, Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, que aconteceu no Clube Naval de Brasília. Paulo falou sobre a emoção de ter seu trabalho reconhecido dessa forma.
“É emocionante ter o trabalho da gente eternizado com uma música. Se a imagem tivesse um som, que som seria? Eu me enquadrei nisso aí e já sei que som tem a minha imagem. Eu consegui passar pra pessoa o que, realmente, eu tava sentindo. E ele transformou em som o que eu senti. Graças à minha mãe, que foi deu a ideia e disse: olha tem um vizinho que dá comida pros passarinhos, quem sabem não renda uma fotografia legal? Foi aí que foi lá. É uma honra, um dever cumprido”.
O Pepê trabalha nas redações de São Paulo desde 1989. Cobriu os principais eventos jornalísticos das últimas três décadas, entre Olimpíadas, Copas do Mundo e eleições presidenciais.
