O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou investigar o senador Marcos do Val (Podemos-ES) após o parlamentar apresentar diferentes versões sobre um suposto plano de golpe de Estado que envolvia gravar conversas com o próprio Moraes.
Na noite de quarta-feira (1º), o senador participou de uma live nas redes sociais e acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de tê-lo coagido a dar um golpe de Estado com ele. Na manhã de quinta (2), contudo, Do Val mudou a versão sobre Bolsonaro e disse que partiu do ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) a ideia do golpe.
Do Val revelou ter participado de um encontro com Bolsonaro e Silveira, no fim do ano passado, no qual o ex-deputado tentou convencê-lo a marcar uma reunião com Moraes para forçá-lo a reconhecer que desrespeitou a Constituição no processo eleitoral de 2022. Segundo o plano de Silveira, Do Val gravaria a conversa que teria com Moraes sem que o ministro percebesse.
O senador prestou depoimento à Polícia Federal na noite de quinta e, de acordo com Moraes, apresentou outra versão da história. Dessa forma, o ministro determinou a abertura de um inquérito sobre o parlamentar.
“Ouvido sobre os fatos, o senador Marcos do Val apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas, de modo que se verifica a pertinência e necessidade de diligências para o seu completo esclarecimento, bem como para a apuração dos crimes de falso testemunho (art. 342 do Código Penal), denunciação caluniosa (art. 339 do Código Penal) e coação no curso do processo (art. 344 do Código Penal)”, destacou Moraes.
Do Val vai à PGR pedir afastamento de Moraes
Nesta sexta-feira (3), Do Val foi à Procuradoria-Geral da República (PGR) entregar pedido de afastamento de Moraes da relatoria dos inquéritos que apuram os atos extremistas de 8 de janeiro.
O senador negou que Moraes o tenha orientado a prestar depoimento para formalizar o pedido que recebeu de Silveira para participar de uma tentativa de golpe de Estado e gravar ilegalmente o ministro.
“Dentro da minha conversa com o ministro no WhatsApp, fiz um resumo sobre a conversa que teríamos. Ele só diz a data que estaria em Brasília e, em momento algum, também diz para formalizar [a denúncia]. Quando nós estivemos pessoalmente, ele também em momento algum pediu para formalizar”, disse em entrevista.
O ministro do Supremo afirmou ter proposto ao senador que prestasse um depoimento assim que relatou o caso, o que teria sido negado. Em um evento com empresários em Lisboa, Moraes disse que o plano para gravar conversas comprometedoras dele a fim de anular as eleições foi uma “tentativa de uma operação tabajara, que mostra exatamente o ridículo a que nós chegamos na tentativa de um golpe no Brasil”.