O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne com todos os ministros do governo, na manhã desta quinta-feira (15), e o evento deve marcar a saída de Daniela Carneiro do Ministério do Turismo. Com o cargo ameaçado desde o mês passado, ela conseguiu adiar a demissão mesmo sob forte pressão do partido dela, o União Brasil, e vai ter a chance de se despedir do presidente e dos colegas no encontro que ocorre no Palácio do Planalto.
Lula e Daniela se encontraram na terça (13) para discutir a situação política da ministra, e o chefe do Executivo decidiu não demiti-la naquele momento para poupá-la de uma saída conturbada. Apesar de já ter dado o aval para a troca dela, o presidente tem uma boa relação pessoal com Daniela. Lula não quis simplesmente rifá-la do governo, o que poderia comprometer o prestígio que tem com a ministra, e buscou uma espécie de “saída honrosa” para ela.
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Dessa forma, na reunião ministerial desta quinta, Daniela fará um balanço da passagem dela pelo Ministério do Turismo, enquanto o presidente deve agradecer à ministra pela contribuição ao governo. Se demitida, Daniela voltará à Câmara dos Deputados, onde promete dar apoio a Lula. “Nós somos Lula até o fim”, declarou ela nesta quarta (14), em audiência no Senado.
A saída de Daniela é apenas questão de tempo, como reconhecem membros do governo, e na terça (13) o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, participou de um jantar com deputados do União Brasil para confirmar que a troca vai ocorrer. O substituto será o deputado Celso Sabino (União Brasil-PA), que tem o apoio da maioria da bancada para chefiar o Ministério do Turismo.
O União Brasil aguarda a mudança desde que Daniela anunciou, em abril, que deixaria a legenda, e ao longo do mês passado deu recados a Lula de que a troca era necessária caso o presidente quisesse contar com os votos do partido no Congresso. Em votações de temas delicados para o governo, como a de um projeto que anulou as alterações promovidas pelo chefe do Executivo no Marco do Saneamento Básico, o União Brasil votou em peso contra o Palácio do Planalto.
“Sobre ministério, quem tem legitimidade para escolher ministro, nomear ministro e demitir ministro é o presidente Lula. Quando, e se ele achar que deve, ele vai nos chamar. Há entre nós e o governo uma concordância de que a forma como foi concluído no início do mandato não foi adequada, porque não houve a legitimação da bancada”, disse o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), líder do partido na Câmara.
Cobrança por mais resultados
Durante a reunião ministerial, Lula também vai cobrar dos integrantes do primeiro escalão do governo mais celeridade nas ações de cada pasta. O presidente pretende lançar, em 2 de julho, um programa voltado a grandes construções de infraestrutura para todo o país — o projeto tem sido chamado nos bastidores de novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Além disso, o presidente deve cobrar dos ministros mais velocidade nas nomeações para órgãos de segundo e terceiro escalões, com o objetivo de melhorar a articulação política do Executivo no Legislativo. Lula vai pedir que as indicações feitas por parlamentares sejam atendidas o quanto antes.
Deputados e senadores têm se queixado da demora nas nomeações para cargos na estrutura da União nos estados. Os congressistas também têm reclamado da atuação de Padilha, responsável pela articulação política com o Congresso, que reconhece a necessidade de atender aos pedidos dos parlamentares.
“Nós temos feito um trabalho junto aos ministérios. Os parlamentares apresentam, nos estados, nomes, e têm uma avaliação técnica desses nomes. O presidente Lula reforçou isso. Quer gente competente, mas reforçou a importância de o governo sempre estar à disposição de ouvir o Congresso Nacional, ouvir os atores políticos, representantes da sociedade, na composição do governo”, disse o ministro da Secretaria de Relações Institucionais.