Mais de 300 objetos tombados desaparecidos estão sendo procurados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Mas a estimativa da instituição é de que o número de bens tombados perdidos no país pode passar de mil.
Neste mês de julho, objetos desaparecidos há mais de 40 anos da Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, no Rio de Janeiro, e da Catedral de Belém, no Pará, foram identificados em leilões de antiguidades e recuperados em operações conjuntas do Iphan e da Polícia Federal. Ambas as investigações começaram em outubro do ano passado.
Contando com essas peças, a Superintendência do Iphan no Rio de Janeiro diz que está em processo de recuperação de cerca de 20 objetos extraviados.
A restituição das peças sacras trouxe muita emoção para a comunidade da Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores. O provedor da irmandade da igreja, Cláudio André de Castro, conta que foi realizada uma missa especial, com coral e orquestra. Mas, de acordo com a igreja, quase 200 objetos vendidos ilegalmente durante as décadas de 1970 e 1980 permanecem desaparecidos.
Já o banco de dados do Iphan conta 329 objetos perdidos no Estado. A denúncia da igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, por exemplo, não está toda contabilizada. Mas, de acordo com o museólogo do Iphan Rafael Azevedo, isso acontece porque a plataforma está passando por atualizações. O novo banco de dados, com o inventário nacional do Iphan, tem previsão de ser lançado ainda este ano. Azevedo destaca que a recuperação de bens tombados desaparecidos reforça a missão da instituição de proteger o patrimônio cultural no país.
A fiscalização de leilões também é responsabilidade da instituição. No Brasil, existe o Cadastro Nacional de Negociantes de Obras de Arte e Antiguidades para maior controle sobre esse mercado.
O Iphan busca por peças desaparecidas e também identifica possíveis irregularidades financeiras.
Todos os leilões devem ser notificados ao Iphan e anualmente as peças são avaliadas. A Polícia Federal auxilia a investigação de objetos suspeitos.
Segundo o superintendente do Iphan no estado do Rio, Paulo Vidal, o instituto vai prestar cursos de educação patrimonial para os leiloeiros. A expectativa é que o próprio mercado possa evitar a comercialização de peças sem procedência segura.
Em caso de identificação de algum bem cultural desaparecido, as denúncias podem ser realizadas virtualmente pela Consulta Pública de Bens Culturais Procurados do Iphan.
Com supervisão de Tâmara Freire, da Rádio Nacional no Rio de Janeiro.