A Passarela do Samba, no Rio de Janeiro, recebe nesta sexta (9) os primeiros desfiles de carnaval 2024. Hoje e amanhã (10), 16 agremiações da Série Ouro, o grupo de acesso carioca, apresentam o trabalho de um ano inteiro ao público e jurados. Cada escola tem o mínimo de 45 minutos e o máximo de 55 minutos para cruzar a avenida.
A partir das 21h desta sexta, a União de Parque Acari desce a ladeira do Curuzu e pisa na Marquês de Sapucaí, com o enredo Ilê Aiyê, 50 Anos de Luta e Resistência, que vai homenagear e contar a história do primeiro bloco afro do Brasil. O Ilê Aiyê foi fundado em novembro de 1974, em Salvador, Bahia. O bloco luta contra o racismo, além de dar representatividade às raízes africanas, divulgando a arte, a música e a dança.
A segunda escola a atravessar a passarela do samba é a Império da Tijuca. Com o enredo Sou Lia de Itamaracá, cirandando a vida na beira do mar, a verde e branco tijucana presta uma homenagem a Rainha da Ciranda, que completou 80 anos em janeiro.
Na sequência, a Acadêmicos de Vigário Geral vai narrar o enredo Maracanaú: Bem-vindos ao Maior São João do Planeta. É uma homenagem ao município cearense Maracanaú, fundado há 40 anos, e famoso pelas festas juninas.
A Inocentes de Belford Roxo, quarta escola a entrar na Sapucaí, vai celebrar um dos mais populares personagens do cotidiano carioca, e que hoje é visto nas ruas de todo o país: o camelô! Com o enredo Debret pintou, camelô gritou: “compre 2 leve 3!” Tudo para agradar o freguês, a agremiação da Baixada Fluminense vai exaltar a importância dos camelôs, na história e na vida do brasileiro, desde a colonização, quando foram retratados pela primeira vez nas pinturas do artista francês Jean-Baptiste Debret ao emoldurar cenas das ruas do Rio de Janeiro.
Na sequência, a quinta a desfilar é a Estácio de Sá, primeira escola de samba do país. Neste ano, a Estácio vai evidenciar a luta do povo preto por respeito e dignidade, falando de um de seus traços culturais mais importantes: a religiosidade. A vermelho-e-branco levantará na Sapucaí a bandeira do enredo Chão de devoção, orgulho ancestral.
Logo a seguir, o público assistirá o carnaval da União de Maricá, escola que subiu para a Série Ouro no ano passado. Com o enredo O esperançar do poeta, a estreante no Sambódromo fará um manifesto em homenagem ao papel social, cultural e humanitário do ofício dos compositores, que tocam as pessoas com seus versos, textos e canções.
Penúltima agremiação a desfilar, a Acadêmicos de Niterói promete colorir a Passarela do Samba com o enredo Catopês – Um céu de fitas, sobre a cultura popular da Festa de Catopês. A celebração acontece em Montes Claros, Minas Gerais, há quase dois séculos, no mês de agosto. Grupos populares desfilam pelas ruas, numa manifestação de ancestralidade e fé.
E, encerrando o primeiro dia de desfiles da Série Ouro, a Unidos da Ponte tem como enredo Tendendém – O axé do epô pupá, que contará a história do óleo extraído da polpa do fruto do dendezeiro, desde a sua origem mítica em terras africanas até a chegada no Brasil através da diáspora. Também conhecido como óleo de palma, mais do que ingrediente da culinária, ele é fundamento dos preparos de comidas oferecidas aos Orixás nas religiões de matriz africana.
E, para quem pensa que acabou, neste sábado tem mais. Oito escolas de samba vão completar os desfiles da Série Ouro, último degrau para acesso à elite do carnaval do Rio de Janeiro,