O grupo de trabalho criado pelo governo federal para estudar formas de combater a violência em escolas anunciou nesta quinta-feira (6) que pretende formar uma espécie de força de inteligência para monitorar as redes sociais para evitar crimes como o ocorrido nesta quarta (5), quando um homem armado com uma machadinha matou quatro crianças em uma creche de Santa Catarina.
O ministro da Educação, Camilo Santana, disse que esse trabalho de inteligência vai ser feito principalmente na chamada dark web e deep web, que são as redes “que estimulam a violência, o armamento, a intolerância e o ódio”. “Esse assunto já foi ampliado, as equipes que vão trabalhar. Os centros integrados de segurança regionais já estão em alerta para essa questão.”
No encontro, os ministros discutiram também a criação de um canal de denúncias semelhante ao Disque 100, de direitos humanos, e ao Disque 180, de violência contra a mulher, para tentar evitar ataques. O Ministério da Educação também vai encomendar um mapeamento de violência nas escolas.
Participaram do encontro na manhã desta quinta os ministros Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Silvio Almeida (Direitos Humanos) e Ana Moser (Esporte), o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli, e o secretário-geral da Presidência, Márcio Macedo.
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De acordo com Santana, o ministro Silvio Almeida também vai adiantar um relatório do trabalho de desradicalização e enfrentamento do ódio, feito pela pasta, com um recorte específico para a Educação. O ministro destacou que o MEC vai repassar dinheiro para estados e municípios para fortalecer as rondas escolares e garantir uma melhoria da segurança dentro e fora das unidades de ensino.
Cronograma semanal
O grupo de trabalho com as equipes dos ministérios envolvidos fará reuniões semanais para discutir a estruturação e o andamento das políticas públicas de combate à violência nas escolas e uma reunião mensal com o ministro.
O Ministério da Cultura vai preparar editais de promoção de cultura de paz nas escolas, a Educação também vai repassar verba para preparar diretores e professores para lidar com a violência no cenário escolar e a Saúde vai fortalecer os atendimentos psicossociais no Programa Saúde nas Escolas.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, por sua vez, disse que entrou em contato com a Coordenação de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde de Blumenau e que vai levar a pauta da violência nas escolas para o Conselho Nacional de Saúde na próxima semana.
Ela afirmou que a violência é considerada um problema de saúde pública desde a década de 1990. “Estamos vendo como contribuir para o acolhimento das vítimas da escola, de seis de seus familiares e da comunidade escolar”, disse.
Creche em Blumenau
Na quarta-feira (5), um homem de 25 anos matou quatro crianças e feriu outras quatro em uma creche de Blumenau (SC). Para entrar na creche particular, onde os assassinatos foram cometidos, o agressor pulou o muro e atingiu, aparentemente de forma aleatória, a cabeça das crianças com uma machadinha. As vítimas tinham entre 5 e 7 anos de idade.
Após o ataque, o criminoso pulou novamente o muro, subiu em sua moto e se entregou em um quartel da Polícia Militar. A PM já identificou o autor do crime. Segundo fontes da corporação, o criminoso “tem outras passagens” e, ao se entregar, “não falou nada”.
Instalação de câmeras
Após quatro crianças terem sido assassinadas em ataque à creche Cantinho Bom Pastor, a Prefeitura de Blumenau anunciou a implementação de 125 câmeras de segurança em todas as escolas da cidade, incluindo os centros de educação infantil.
A decisão foi tomada durante reunião do prefeito Mário Hildebrandt com todos os gestores das instituições de educação municipais, estaduais e privadas do município.
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Violência em ambiente escolar
O grupo de trabalho para elaborar uma política nacional de combate à violência em instituições de ensino foi criado após vários ataques em escolas e creches pelo país.
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Além do ataque à creche em Blumenau na última quarta-feira (5), em 27 de março um adolescente de 13 anos atacou e feriu com uma faca quatro professores e dois alunos na Escola Estadual Thomazia Montoro, localizada na rua Doutor Adolfo Melo Júnior, na Vila Sônia, na zona oeste de São Paulo. Uma das professoras morreu.
Segundo um levantamento da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Brasil registrou ao menos 22 ataques de violência extrema em 23 escolas desde 2002. O número é ainda mais alarmante se considerado o recorte mais recente: mais de um terço desses registros (nove) ocorreu desde junho do ano passado.