Um novo Brasil, baseado em uma constituinte negra. É assim que a exposição Constituinte do Brasil Possível propõe imaginar o país pós-abolição, a partir de uma perspectiva negra, resgatando projetos políticos negligenciados pela história oficial, única e eurocêntrica.
A professora da Universidade de Brasília (UnB) e integrante da curadoria coletiva da exposição, Ana Flávia Magalhães Pinto, dá detalhes.
Vinte artistas negros participam com obras em diferentes suportes e formatos, como instalações, fotografias, grafite, esculturas e pinturas. Ana Flávia explica que, apesar de diversos, os trabalhos que integram a mostra têm um ponto de contato.
Uma das obras que chama atenção para isso é a do artista Marcel Diogo. Trata-se de uma pintura a óleo sobre tecido de pelúcia, que traz uma imagem do abolicionista negro José do Patrocínio.
Marcel Diogo explica que esse trabalho surge em 2022, em uma série chamada Carinhosa-Cafuné, desenvolvida a partir do incômodo com a violência racial, tema recorrente na produção de arte negra.
O artista menciona que este é o primeiro quadro da série colorido e comenta as dificuldades de pintura no suporte de pelúcia.
A mostra Constituinte do Brasil Possível faz parte de um projeto maior, o Linha de Cor, que questiona as bases da sociedade brasileira, evidenciando como instrumentos normativos estruturaram e continuam a manter desigualdades raciais e de gênero no país. O projeto apresenta casos históricos de como o movimento negro vem confrontando essas normas ao longo do tempo por meio de pesquisas, educação, artes plásticas e filmes.
A exposição fica em cartaz até 30 de novembro, das 12h às 19h, no Centro Cultural dos Correios, no Centro do Rio de Janeiro. A entrada é gratuita.