Com o artista Leonilson, era assim: paixões, angústias, questões íntimas e diárias, tudo virava material para a sua arte.
Agora uma nova exposição aberta, nesta sexta-feira (23), no Masp – o Museu de Arte de São Paulo, revela a obra e a vida do artista, um dos nomes mais importantes da arte contemporânea brasileira.
Para quem nunca ouviu falar em Leonilson, ele é um artista cearense nascido em 1957, e que ainda criança se mudou com a família aqui para cidade de São Paulo. Ele produziu mais de quatro mil obras criativas e sensíveis, até os 36 anos, quando morreu em 1993 em decorrência do vírus HIV.
Mais de 300 desses trabalhos estão na exposição no Masp.
A mostra traz a produção da fase mais consagrada de Leonilson: os últimos cinco anos de vida do artista. Entre desenhos com caneta preta e guache, bordados em veludo, seda, lona e linho, as narrativas visuais de Leonilson exploram o amor LGBT, o sonho, a solidão e o abandono.
A estudante Mariah Gomes, de 16 anos, conheceu a obra dele pela primeira vez durante visita a exposição. Natural de Goiânia, Mariah ficou surpresa com a contemporaneidade dos temas abordados pelo artista, como a poluição de São Paulo, a corrupção e a epidemia de aids, no início dos anos 1990.
Já a artista Brunovaes, de 39 anos, conheceu a obra de Leonilson em 2014, numa retrospectiva na Pinacoteca de São Paulo. Dez anos depois, ela destaca que a poética dele permanece criando laços íntimos e profundos com novas e velhas gerações.
Sobrinha de Leonilson, Gabi Dias, de 41 anos, conviveu até os dez com o seu tio Leó. Ela conta que costumava visitar com os primos o ateliê do tio, durante os almoços de sexta-feira na casa da avó – mãe de Leonilson – no bairro da Vila Mariana. Atualmente coordenadora do projeto Leonilson, responsável pelo acervo do artista, Gabi avalia que a produção dele é única e atemporal e segue inspirando exposições, teatro, livros e até tatuagens.
A exposição sobre Leonilson fica em cartaz no Masp até 17 de novembro. Às terças-feiras, a entrada é gratuita.