Intitulada “Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira, 1964-1985”, a exposição em cartaz no Instituto Moreira Salles, na avenida Paulista, revela de forma inédita ao público a obra do fotógrafo, repórter e cineasta paulista.
Pelos olhos e pela câmera do cineasta paulista Jorge Bodanzky, o visitante vai ver a cidade de Brasília nascer, no início dos anos 60, cruzará com a obra inacabada da rodovia Transamazônica, acompanhará a peregrinação de Frei Damião pelos interiores e conhecerá várias imagens de outros Brasis produzidas por Bodanzky para revelar o Brasil escondido nos 21 anos de ditadura militar.
Sessenta anos depois do início da sua carreira, como estudante de Arquitetura na Universidade de Brasília, a exposição reúne fotografias, reportagens de TV, filmes em super oito e cenas dos principais filmes dirigidos pelo cineasta durante a ditadura militar brasileira, como Iracema: uma transa amazônica, Terceiro milênio e Gitirana.
Para o curador Thyago Nogueira, o cinema de Jorge Bodanzky embrenhou-se pelo país para amplificar vozes e imagens até então desconhecidas. Com equipes pequenas, câmera na mão, som direto e poucos recursos, inovou o cinema brasileiro, revelou e interrogou um Brasil escondido pelas suas imagens oficiais.
Aos 81 anos, prestes a lançar mais um trabalho no cinema, Jorge Bondansky permanece sendo o câmera dos próprios filmes. Diante da sua ampla produção visual, ele continua se dedicando a investigar a cultura popular e os conflitos do país.
Driblando a repressão e a censura, Bodanzky consolidou-se como um dos cineastas mais agudos e críticos de sua geração. Suas obras tratam de temas que permanecem atuais, como a violência no campo, a destruição ambiental e a luta dos movimentos sociais.
Com entrada gratuita, a exposição fica em cartaz até 28 de julho no Instituto Moreira Salles, na avenida Paulista.