Exonerada da Casa Civil após dois dias, ex-coordenadora da Funai diz que não tem ligação política – Notícias

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A ex-coordenadora da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) Carla Fonseca de Aquino Costa, que atuou no governo de Jair Bolsonaro (PL), negou qualquer tipo de ligação política e defendeu sua nomeação para a Casa Civil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como de caráter puramente “técnico”. Nesta sexta-feira (27), apenas dois dias depois da indicação, Carla foi exonerada do cargo.


Ao R7, a servidora contou que o pedido para deixar o posto não foi feito por ela. “Não tenho porque pedir [exoneração]. Fui exonerada justamente pelas matérias caluniosas. Ainda que não tenha retorno [ao cargo na Casa Civil], [os conteúdos das notícias] não são verdadeiros. Alguém tem que ouvir o outro lado da história e entender o contexto todo”, desabafou. A Casa Civil não retornou os contatos da reportagem.


Carla foi coordenadora-geral de Licenciamento Ambiental da Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai durante o mandato do ex-presidente. Na quarta-feira (25), ela foi nomeada para a diretoria de programas da Assessoria Especial da Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Casa Civil da Presidência da República. “Nunca respondi nenhum tipo de processo, seja administrativo ou criminal. Não existe nada que pese contra mim”, defendeu-se.



Carla é servidora pública desde 2011, quando entrou no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como analista ambiental. “Estava no PPI desde outubro de 2022, sem nenhuma indicação politica de ninguém. As pessoas conheciam meu trabalho. Quando teve a mudança de gestão [de Bolsonaro para Lula], os cargos maiores da Esplanada foram todos exonerados por recomposição do governo. No nomento da transição de agenda para meu sucessor, fui convidada para ficar porque passei pela consulta que a Casa Civil faz”, detalha Carla. “Pessoas eficientes costumam ter cargos em diferentes gestões”, completa.



Ela foi coordenadora na Funai durante a presidência de Marcelo Xavier. Ele recebeu críticas após ter feito demissões generalizadas e trocado o comando de coordenações de áreas da fundação. Xavier exonerou o indigenista Bruno Pereira, que era coordenador-geral de Índios Isolados e acabou assassinado em junho de 2022 ao lado do jornalista britânico Dom Phillips.


Ela nega ligações com Xavier. “O que ele fez de polêmica, converse com ele. A Funai tem diversas diretorias. Marcelo tinha muitos assessores. Eu não respondia diretamente a ele nem era braço direito dele. Eu respondia apenas pela minha área, de licenciamento ambiental com presunção de impacto no componente indígena”, afirma.


Carla foi alvo de protestos de lideranças indígenas em 2020, que chegaram a pedir sua saída do cargo de coordenadora na Funai. As críticas ocorreram durante licenciamento de reconstrução de rodovias da BR-319 que atravessam terras indígenas entre Porto Velho (RO) e Manaus (AM). Ela teria, segundo as acusações das lideranças, acelerado o processo.


Em relação a esse episódio, Carla afirma ter seguido fielmente o rito administrativo. “Fiz as apresentações exatamente como manda a legislação vigente. Era uma obra prioritária. As pessoas ficam atoladas [nos trechos sem pavimentação]. É uma questão de dignidade humana. Não era um programa do Bolsonaro, a intenção começou em 2007. É uma obra do Estado brasileiro. Tudo que fiz foi tentar chegar em um consenso e sugerir reuniões temáticas para resolver. Qual é a representatividade dessas lideranças indígenas? Quantas eram?”, questiona Carla. “Sempre fui uma servidora pública a serviço do Estado brasileiro”, completa.

Fonte-R7

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