Especial mostra a diversidade cultural dos imigrantes de São Paulo

Cultura

São Paulo é considerada uma cidade que recebe muitos imigrantes. Dentro de sua história, a imigração italiana e japonesa são relevantes, mas nas últimas décadas tem recebido uma nova leva de imigrantes, vindo de países africanos, como Congo, Senegal e Angola. Eles vêm em busca de esperança, muitas vezes fugindo da miséria e da carência material.

No entanto, para além de vermos essa nova leva de imigrantes como pessoas em busca de uma vida melhor, convidamos o ouvinte a vê-los com os sujeitos que vem compartilhar a cultura do seu país de origem conosco e contribuir para o enriquecimento cultural da cidade.

Léo Mattomona está no país desde 2010, nascido no Congo, passou por Angola e veio se estabelecer em São Paulo. Léo veio para o Brasil para ficar próximo da sua irmã, que já morava na cidade.

Tinha uma irmã né? Uma meia irmã que morava aqui, já de São Paulo, então quando surgiu essa proposta, essa decisão de viajar pra o Brasil, então primeiramente foi pra vir aqui e ficar com ela. O que eu gosto mais do São Paulo é essa mistura de cultura que a gente a gente encontra aqui né. É um mundo dentro dela. É um mundo dentro de São Paulo, então isso é o que eu gosto mais de São Paulo.

Ele está no grupo vocal Os Escolhidos desde 2013. E faz parte de uma orquestra de imigrantes desde 2017. Já cantou com grandes nomes da música brasileira, como Céu, Chico César, Nando Reis, Adriana Calcanhoto, dentre outros e outras. Vamos ouvir na voz dele e de seus colegas como tem sido esta caminhada artística em São Paulo.

Nessa música eu falo que não somos passageiros. Então vamos tentar fazer o bem pra o próximo. Estar bem, preparar e que mesmo na sua partida, você tenha um legado, alguém passou aqui, alguém do bem passou aqui. Essa é a mensagem da minha música.

Samuel Galdino, produtor musical.

O Leo é um mix de muitas coisas. Ele também entende de rock, ele entende de música pop, e o legal que ele aplica tudo isso na sonoridade dele. Essa questão de tocar música africana com banda, nesse formato de banda de rock, que é bateria, baixo, guitarra e teclado. Então isso já diz muita coisa. Em 2022, resolvemos gravar o projeto solo dele, que é um EP com 3 músicas. O processo demorou 7 meses. Pra gravar, editar, mixar e masterizar. E lançamos e assim é um projeto superlegal, que eu tenho muito orgulho, não é nada comercial, é algo conceitual mesmo.

Benito Banga, músico tecladista.

Dançar é uma improvisação. Quando a emoção da música puxa a gente pra transferir alegria. A música pra mim, começou por assim, ninguém me ensinou. Eu só aprendi de ver a pessoa tocando.

A música africana, diferente da música europeia, que é a escola de muitos, ela não é matematicamente exata. Ela trabalha nas subdivisões. Não é aquele ritmo sincronizado. E quando eu coloquei o clique pros músicos, eu falei ó, vamos gravar aqui a guia todos juntos, então vou colocar um metrônomo, e eu vi que tava saindo fora. Mas é assim, é algo da musicalidade deles e eu tinha que me adaptar.

Erick Calloge, músico, baixista.

Uma curiosidade, porque a música que é feita de lá, mas a gente tem um toque a mais que a gente tenta juntar uns influência de outras músicas, inclusive, algumas coisas de Angola, de outros países. E inclusive do Brasil. Todo esse tempo a gente ficou aqui, acredito que a gente agregou umas coisas.

Este Rádiodocumentário foi feito em parceria com o Radiojornalismo EBC e a Radioagência Nacional. Ouça os outros episódios da série sobre os 470 anos de São Paulo.

* A reportagem é de Nelson Lin, a produção de Guilherme Strozzi, coordenação de processos de Beatriz Arcoverde e sonoplastia de José Maria Pardal.

Fonte-Agência Brasil

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