Em 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já passou 12 dias no exterior. Foram cinco destinos internacionais. O último foi os Emirados Árabes Unidos, no último dia 15, quando o presidente assinou dois acordos bilaterais com o país — um sobre mudança do clima e um sobre treinamento de diplomatas das duas nacionalidades.
China
Antes disso, Lula foi à China, onde ficou entre 11 e 14 de abril. Ele se encontrou com o presidente Xi Jinping e firmou 15 documentos conjuntos, entre eles acordos comerciais e de cooperação entre governos.
Em Pequim, o chefe do Executivo federal disse a jornalistas que os EUA incentivam a guerra ao fornecerem armas para a Ucrânia. “É preciso que os Estados Unidos parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz. É preciso que a União Europeia comece a falar em paz pra gente poder convencer o Putin e o Zelenski [presidentes da Rússia e da Ucrânia, respectivamente] que a paz interessa a todo mundo — e a guerra só tá interessando, por enquanto, aos dois”, afirmou.
O chefe do Executivo federal cobrou “boa vontade” para pôr fim à guerra e disse que a China tem o papel “mais importante” na negociação. “É preciso encontrar no mundo países que estejam dispostos. O Brasil está disposto. A China está disposta. Acho que nós temos que encontrar outros aliados e negociar com as pessoas que podem ajudar”, defendeu.
Em Xangai, Lula visitou a fábrica de um gigante da tecnologia do país asiático e também se reuniu com empresários da indústria automobilística. Participou ainda da posse de Dilma Rousseff como presidente do New Development Bank (NDB), o banco do Brics.
Estados Unidos
Entre 9 e 11 de fevereiro, nos Estados Unidos, o presidente encontrou o colega americano, Joe Biden, mas não assinou nenhum acordo. Lula saiu com a promessa de que o país iria ingressar no Fundo Amazônia, ou seja, que passaria a fazer repasses financeiros para ajudar o Brasil na proteção da floresta.
“Eu acho que vão. Não só eu acho que vão como é necessário que participem”, disse o chefe do Executivo federal brasileiro após o encontro.
Em declaração conjunta, publicada em 13 de fevereiro, os EUA anunciaram a intenção de apoiar o fundo. O país falou em “trabalhar com o Congresso para fornecer recursos para programas de proteção e conservação da Amazônia brasileira, incluindo apoio inicial ao Fundo Amazônia, e para alavancar investimentos nessa região muito importante”. Depois disso, no entanto, não foi divulgado nenhum avanço nas negociações.
Uruguai
Em reunião com o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, em 25 de janeiro, Lula tentou desencorajar o país vizinho a prosseguir em negociações comerciais bilaterais com a China e disse que é urgente avançar em um acordo comercial em bloco, ou seja, com todo o Mercosul.
Para Lula, o “Brasil não pode crescer sozinho, tem que crescer junto com todos os países da região”. Lula também disse que “é urgente avançar nas negociações com a União Europeia”.
Os presidentes também conversaram sobre obras de infraestrutura entre os dois países, e Lula se comprometeu a construir uma ponte sobre o rio Jaguarão, na fronteira do Uruguai com o Brasil, no Rio Grande do Sul.
“O presidente [do Uruguai] falou de uma dragagem que tem que ser feita pelo Brasil num pedaço pequeno que, segundo ele, não custa caro”, disse Lula. Ele confessou achar que a ponte já estivesse concluída. “Eu estou até envergonhado porque penso que assinei alguma coisa com Mujica [ex-presidente do Uruguai], e pensei que essa ponte já estava pronta e hoje soube que nem começou.” A ponte liga as cidades de Jaguarão, no lado brasileiro, e Rio Branco, no lado uruguaio.
Argentina
A primeira viagem internacional de Lula no terceiro mandato foi à Argentina, entre 22 e 24 de janeiro. Lá, ele participou da 7ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). O Brasil havia abandonado a organização em 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (PL).
Com o presidente Alberto Fernández, o presidente brasileiro assinou uma série de acordos bilaterais nas áreas da defesa, saúde, tecnologia e inovação. Lula começou ainda as negociações para financiar um gasoduto na Argentina com a ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os dois chefes de Estado também formaram um grupo de trabalho para a criação de uma moeda comum para facilitar a exportação de produtos na América do Sul. “Pretendemos quebrar as barreiras em nossas trocas, simplificar e modernizar as regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum que possa ser usada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa”, escreveram Lula e Fernández.