O deputado federal Coronel Telhada (PP-SP), ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), se pronunciou sobre o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) de assassiná-lo. A lista negra da facção criminosa ainda conta com o senador Sergio Moro (União-PR), o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ex-secretário de Administração Penitenciária Lourival Gomes, o diretor de presídios Roberto Medina e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya.
“Há mais de dez anos sou ameaçado por esses bandidos”, observou Telhada. “E agora que, mais uma vez, um plano de ceifar a minha vida é interrompido pelas instituições de combate ao crime, este senhor vem com risinhos debochados?”
O deputado se refere ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que debochou da operação da Polícia Federal (PL) contra o PCC. Em conversa com jornalistas, o chefe do Executivo desdenhou da ação dos agentes de segurança. “Não vou falar, porque acho que é mais uma armação do Moro”, afirmou, durante visita ao Complexo Naval de Itaguaí (RJ), onde está a linha de produção do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) da Marinha do Brasil. “Quero ser cauteloso. Vou descobrir o que aconteceu.”
E continuou. “É visível que é uma armação do Moro”, disse. “Não vou ficar atacando ninguém sem ter provas. Acho que é mais uma armação, e, se for mais uma armação, ele vai ficar mais desmascarado ainda. Não sei o que ele vai fazer da vida dele, se continuar mentindo do jeito que está mentindo.”
Para Telhada, a postura de Lula é desrespeitosa com as instituições democráticas. “Isso demonstra que o presidente realmente quer que muita gente que combate o crime organizado se f***”, afirmou.
Ele lembra que integrantes do governo também se tornaram alvo da facção criminosa, razão por que Lula não deveria debochar do caso. “Há o vice-presidente, um senador da República, dois deputados federais e membros do Ministério Público ameaçados por uma facção criminosa”, lembrou. “E aquele senhor prefere dar asa a seus devaneios, falando em armação e colocando em descrédito o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo [Gaeco], a Polícia Federal e as Polícias Militares.”
A operação da PF
Nesta semana, a PF prendeu os integrantes do PCC que planejavam resgatar Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Depois de fracassarem na operação, os criminosos decidiram assassinar políticos em Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.
O plano contra Moro foi descoberto pela PF ainda no ano passado, quando o ex-juiz disputava uma vaga no Senado. Em entrevista ao programa Oeste Sem Filtro, Gakiya revelou os bastidores da operação. “Eu que levei uma testemunha protegida para depor”, disse. “Eu e Mário Sarubbo, procurador-geral de Justiça, levamos o caso ao conhecimento do ex-ministro Moro. Isso ocorreu em 30 de janeiro. Na mesma data, encontramos a cúpula da PF, para quem entregamos uma representação para a instauração de uma investigação. A PF de Curitiba instaurou um inquérito policial em 3 de setembro do ano passado.”
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