O interventor federal no DF, Ricardo Cappelli, voltou a criticar a postura do ex-secretário de Segurança Pública da capital Anderson Torres e disse que ele já estava nos Estados Unidos antes do início das férias, que começariam em 9 de janeiro.
“As férias dele, publicadas no Diário Oficial, valiam a partir do dia 9. Então, no dia 8, o secretário de segurança do Distrito Federal era formalmente o senhor Anderson Torres”, afirmou Cappelli, atribuindo a responsabilidade das invasões aos prédios públicos dos Três Poderes, no último domingo (8), à então gestão local.
Não é a primeira vez que Cappelli faz críticas diretas a Torres. Na terça-feira (10), o interventor sugeriu que o ex-secretário realizou uma sabotagem que resultou na invasão de extremistas e na vandalização dos palácios da praça dos Três Poderes. “Não me parece coincidência”, disse, referindo-se à viagem de Torres e às trocas de comando das forças locais.
“É muito estranho que o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal assuma a sua função no dia 2, exonere e troque quase todo o comando, viaje, e alguns dias depois aconteça o que aconteceu em Brasília. Isso é coincidência?”, repetiu, nesta quarta (11), o interventor.
Segundo aliados, Torres teria embarcado com a família para os Estados Unidos na madrugada de sexta-feira (6) para sábado (7). Pelas redes sociais, a organização de uma manifestação de extremistas no DF, com o envio de caravanas de outros estados, já era de conhecimento das autoridades da Segurança.
Além de ser exonerado do cargo, Torres teve a prisão decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O plenário ca Corte manteve a determinação. O afastamento do governador Ibaneis Rocha (MDB) por 90 dias também foi mantido pelos ministros.
A expectativa, segundo o delegado-geral da Polícia Federal, Rodrigo Teixeira, é que Torres retorne ao Brasil nos próximos dias e seja escoltado pela corporação. Como os voos que saem dos Estados Unidos foram cancelados por falha no sistema de aviação local, a Polícia Federal já está ciente de que o ex-secretário pode demorar mais do que o esperado para chegar ao Brasil.
Em uma rede social, Torres divulgou uma nota em que rebate as suspeitas de conivência com os extremistas. Ele também disse que foi surpreendido pela violência da manifestação e que as cenas vistas em Brasília eram “inimagináveis a todas as instâncias dos poderes da República brasileira”.