O que têm em comum os nomes dos bairros da Tijuca, Maracanã, Irajá e Jacarepaguá? A resposta é a origem deles na ancestralidade indígena, raiz da formação do Rio de Janeiro. E estes são apenas alguns exemplos que remontam à época anterior à fundação da cidade.
De acordo com o jornalista Rafael Freitas, autor do livro O Rio antes do Rio, são fortes os laços da presença Tupi na história do Rio, frente aos colonizadores portugueses.
“O Rio de Janeiro é todo marcado pela ancestralidade indígena. Então temos nomes na cidade, localidades, bairros, que tem origem nesta ancestralidade, que redundou no que é o povo carioca hoje. Então, quando a gente fala desta presença indígena no Rio de Janeiro, a gente está o tempo todo falando dos lugares da cidade. O Rio de Janeiro, antes da colonização portuguesa e da fundação da cidade, tinha enormes aldeias e milhares de indígenas que ocupavam a Baía de Guanabara. Então, não é à toa que a cidade tem uma série de nomes marcados, até hoje, na sua geografia, que remontam à época anterior à sua fundação. O próprio nome de Irajá era uma aldeia Tupinambá, que está documentada em fontes históricas. A aldeia Kariók, que vai dar origem ao gentílico do nascido no Rio de Janeiro, era uma aldeia Tupinambá. A Ilha do Governador era repleta de aldeias indígenas (…) toda a zona norte, zona oeste, Baixada Fluminense eram repletas de aldeias indígenas. É muito forte esta ancestralidade do Rio de Janeiro, com as suas origens em povos originários que aqui habitavam antes da chegada dos portugueses, e que vão dar origem ao que hoje é a população do Rio de Janeiro”.
Ainda de acordo com Rafael Freitas, essa presença dos povos originários é também uma história de resistência.
“Todas estas aldeias que existiam antes, em determinado momento, elas se uniram para tentar evitar que os portugueses tomassem a Baía de Guanabara. E isso vai culminar em diversas batalhas, no ano de 1567. Os portugueses vão se organizar de uma forma que nunca tinham se organizado antes: vão trazer todo mundo que estava pelo litoral brasileiro – inclusive os indígenas aliados – para expulsar estes indígenas que resistiam à colonização. Esta, eu acho, que é a grande história dos Tupinambás no Rio de Janeiro: justamente a história de resistência ao processo colonial. Eles vão ser derrotados na Batalha de Uruçumirim e depois, nas batalhas da Ilha do Governador. Uma parte dos Tupinambás vai sofrer a diáspora – chamam de diáspora Tupinambá: eles vão se interiorizar, vão fugir pelos interiores com medo dos massacres que os portugueses cometiam. Mas também uma grande parte destes Tupinambás vão permanecer no Rio de Janeiro como mão-de-obra jesuítica, nos aldeamentos, e vão justamente se miscigenar com o que hoje vai dar, no século XXI, na população do Rio de Janeiro”.
Esses são alguns dos aspectos importantes da formação da cidade do Rio de Janeiro, fundada no dia 1º de março de 1565, há exatos 458 anos. E que ajudam a conhecer melhor um pouco de cada um nós.