Instrumentista, arranjador, compositor, orquestrador e maestro. Com tantas habilidades, Pixinguinha tornou-se um dos grandes destaques da música brasileira, especialmente do choro. A vasta obra do artista inclui, além deste gênero, a valsa, polca, jazz, maxixe e samba. Por todo esse repertório, ele é considerado um gênio incontestável naquilo que sabia fazer.
E mesmo depois de 50 anos de sua morte, completados neste dia 17 de fevereiro, sua influência não diminuiu. Paulo Aragão, violonista, arranjador e um dos diretores da Casa do Choro, destaca a versatilidade como um dos grandes atributos do artista.
“Eu acho que a atuação dele foi muito versátil, principalmente como arranjador, onde de fato ele tinha uma antena extraordinária captando todos os sons da música popular da época, do mundo inteiro, que chegava ao Brasil e que ele moldava e ajudou a moldar na música brasileira”.
Pixinguinha nasceu em 1897, no Rio de Janeiro. Começou na música ainda criança. Com onze anos aprendeu a tocar cavaquinho. A família teve importante contribuição em seu desenvolvimento musical, pois o pai era flautista e os irmãos também eram músicos. Além disso, ainda pequeno conviveu intensamente com muitos artistas que frequentavam sua casa, onde aconteciam rodas musicais.
Em 1914 edita sua primeira composição, o tango brasileiro Dominante. Em 1918, organiza o conjunto musical Oito Batutas, uma pequena orquestra, considerada o primeiro conjunto profissional a conquistar a fama no Brasil e no exterior.
Outros momentos marcantes da carreira do artista são o emprego do jazz em suas músicas, por meio de seu contato direto com a musicalidade em shows de grupos americanos. Fez arranjos para o teatro de revista e trabalhou como orquestrador na indústria fonográfica. Também foi professor em escolas de música cariocas.
Paulo Aragão resume as contribuições do artista: “Foram muitas as contribuições do Pixinguinha para a música brasileira. Como compositor, além de trazer músicas lindíssimas ele ajudou de uma maneira decisiva a formatar o choro tal qual a gente conhece hoje. E como arranjador, talvez ele tenha tido um papel ainda mais extraordinário porque ele era a pessoa que estava presente ali na beirada dos anos 20 para os anos 30, quando a indústria fonográfica no Brasil se desenvolveu muito e ele conseguiu estabelecer uma sonoridade que de uma certa maneira é válida até hoje”.
Uma curiosidade da carreira de Pixinguinha é o mistério sobre a data em que compôs sua obra mais famosa, a música Carinhoso, que tem gravações espalhadas pelo mundo. Sobre isso, explica Paulo Aragão.
“A gente não sabe exatamente quando ela foi composta. Provavelmente depois de 1922, mas ganhou uma letra do João de Barro, e lançada em 1937 pelo Orlando Silva com essa letra, fazendo um sucesso extraordinário, acho que é uma música símbolo do repertório do Pixinguinha e símbolo do Brasil, porque não”.
O acervo do artista, que inclui documentos pessoais, troféus, fotos e roupas, entre outros, encontra-se desde 2000 sob a guarda do Instituto Moreira Salles, por acordo direto com a família do músico. O lote mais importante é um conjunto de partituras, que ainda hoje são estudadas por músicos e podem revelar facetas desconhecidas do grande mestre da música brasileira.
Pixinguinha morreu em 1973, aos 75 anos.