A voz experiente é um símbolo da cultura cearense. Aos 91 anos, completados nesta semana, José Aldenir Aguiar, o Mestre Aldenir, vai ganhar um museu para celebrar sua contribuição ao reisado e o trabalho que desenvolve há 69 anos à frente do grupo Reis do Congo, um dos mais tradicionais da região do Cariri.
A inauguração do Museu Orgânico Mestre Aldenir será neste sábado, na cidade do Crato, no Ceará, dentro da programação da 25ª Mostra Sesc Cariri de Culturas. No espaço, estarão abrigadas fotografias, objetos pessoais, vestimentas, registros de apresentações e participação em eventos, instrumentos e outras peças que ajudam a contar a história do grupo, do trabalho na manutenção da Folia de Reis e da trajetória do próprio Mestre Aldenir. Ele fala do sentimento de agora ter um canto de partilha do seu saber.
Hoje, o Reis do Congo conta com um grupo infantil e outro infantojuvenil. São pelo menos 50 jovens e crianças que estão levando à frente o legado de família, que vem de longa data, como explica Mestre Leo, neto de Mestre Aldenir, que herdou o comando da brincadeira.
Em 24 de junho de 1955, Mestre Aldenir brincou pela primeira vez no Reisado e, de lá para cá, nunca deixou de participar das apresentações. Desde 1997, ele possui o título de Mestre do Saber e das Artes do Povo do Cariri, concedido pela Prefeitura do Crato. Em 2004, recebeu o reconhecimento como Tesouro Vivo da Cultura pelo Governo do Ceará.
A criação dos Museus Orgânicos, um projeto do Sesc Ceará e da Fundação Casa Grande, ressignificou as casas dos mestres de cultura. Elas vêm sendo transformadas em espaços ativos de valorização e preservação das tradições populares; lugares de memória afetiva, com possibilidade de visitação e de incremento do turismo local. Já são pelo menos 18 espaços inaugurados desde 2014.
