Da vida real para os livros. Das páginas de leitura para a telona. O relato da perseguição política a Graciliano Ramos foi aclamado no Festival de Cannes em 1984. O filme brasileiro Memórias do Cárcere recebeu o Prêmio Internacional de Críticos de Cinema no dia 23 de maio daquele ano.
Com direção e roteiro de Nelson Pereira dos Santos, o longa faz uma adaptação da obra homônima de Graciliano Ramos e mostra a repressão enfrentada pelo escritor. Em março de 1936, durante o governo de Getúlio Vargas, Graciliano ocupava o cargo de Diretor de Instrução do Estado de Alagoas quando foi preso, sem direito a um julgamento. O escritor era suspeito de envolvimento com o Partido Comunista.
Levado para o presídio de Ilha Grande, no Rio de Janeiro, Graciliano fez um testemunho autobiográfico minucioso expondo as condições dos detentos. Além disso, o relato promove uma reflexão sobre a política da época e a sociedade brasileira. A obra foi publicada, em 1953, alguns meses após a morte do autor.
No filme de 1984, o ator Carlos Vereza interpreta Graciliano Ramos. E a atriz Glória Pires faz o papel de Heloisa, esposa do escritor. Além do reconhecimento em Cannes, Memórias do Cárcere também foi premiado em Havana, em Cuba. Carlos Vereza venceu na categoria de melhor ator no Festival de Nova Délhi, na Índia, em 1985.
Em 2015, Memórias do Cárcere entrou para a lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. O ranking foi organizado pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema.