O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou durante o evento Valor Capital’s Crypto Workshop, organizado pelo Valor Capital Group, nesta sexta-feira, 2, ser contrário a ideia de discutir uma moeda comum para países da América Latina. A proposta foi recentemente citada pelos presidentes do Brasil e da Argentina.
“Deixei bem claro em outras entrevistas que eu sou muito contra isso”, disse Campos Neto. “Mas eu sou só um banqueiro central.”
Campos Neto tentou explicar o tema da criação de uma moeda comum fazendo uma analogia entre ela e uma criança. “A moeda comum é como uma criança. Tem o DNA do pai e tem o DNA da mãe”, disse. “É muito difícil ser diferente disso. Quando você tem uma moeda que resulta da união de duas moedas, a taxa de juros seria uma mistura dos dois países, a inflação seria uma mistura dos dois”, declarou o presidente do BC.
Em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com o presidente da Argentina, Alberto Fernández. Na época, houve a divulgação de uma carta conjunta, com a intenção em avançar em discussões para a criação da moeda única. A ideia seria reduzir custos operacionais e reduzir a dependência do dólar.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teve que vir a público explicar que não se tratava de uma moeda única, mas, sim, comum.
Durante a semana passada, em um encontro de presidentes da América do Sul, em Brasília, a discussão voltou à tona. Lula afirmou querer soberania ao defender uma moeda sul-americana e que não deseja que os países da região fiquem dependentes do dólar.